Revista MS

Smart TV é um ‘pesadelo perigoso para a privacidade’, diz relatório

Documento de organização de defesa de consumidores pede regulação do setor e expõe como empresas coletam dados indiscriminadamente

Um relatório do Center for Digital Democracy (Centro para Democracia Digital, em português), enviado à Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos, afirma que as smart TVs e dispositivos de streaming são um “pesadelo perigoso para a privacidade”.

O documento, intitulado “Como a TV nos Observa: Vigilância Comercial na Era do Streaming” [PDF], vai ainda mais longe na questão e diz que empresas de streaming e fabricantes de dispositivos criaram um “sistema de vigilância” sem precedentes para coletar dados de consumidores. “À medida que assistimos à televisão, a televisão nos observa”, e “na maioria desses casos, os espectadores não têm conhecimento algum de quais informações estão sendo coletadas ou como são usadas”, ressalta o documento.

O relatório cita a Amazon, LG, Tubi (empresa de streaming gratuito), Samsung e NBCUniversal, entre outras, como empresas que adotaram práticas invasivas de coletas de dados para aumentar lucros.

O negócio de streaming de CTV [TV conectada] dos EUA incorporou deliberadamente muitas das práticas de marketing de vigilância de dados que há muito tempo minam a privacidade e a proteção do consumidor no mundo online ‘mais antigo’ de mídia social, mecanismos de busca, celulares e serviços de vídeo, como o YouTube. Milhões de americanos estão sendo forçados a aceitar termos injustos para acessar a programação de vídeo.

Para funcionar, essas empresas ainda impõem termos de uso e serviço considerados até enganosos.

“Muitas dessas entidades oferecem ‘políticas de privacidade’ enganosas e hipócritas e descrições egoístas de seus sistemas, que não conseguem explicar os processos complexos que usam para extrair dados dos consumidores (…). Como consequência, comprar um aparelho smart TV no mercado atual de TV conectada de hoje é semelhante a trazer um cavalo de Troia digital para dentro de casa.”

Antes mesmo de investigado ou regulado, esse mercado começa a se aproveitar das funcionalidades da inteligência artificial para personalizar ainda mais seus anúncios.

“A funcionalidade de IA já está integrada em smart TVs e dispositivos de streaming como um recurso do sistema ACR [Reconhecimento Automático de Conteúdo], que ajuda os anunciantes a monitorar os espectadores”, afirma o relatório.

Por fim, o relatório pede que essas práticas sejam devidamente reguladas e as empresas envolvidas na vigilância massiva de consumidores sejam investigadas, por possíveis práticas monopolistas e anticompetitivas.

“Instituir políticas para televisão conectada não será fácil, especialmente depois que a indústria digital foi autorizada a operar e crescer sem restrições e sem controle por décadas. Os sistemas e relacionamentos que permitem a coleta contínua de dados e seu uso estão profundamente enraizados”, conclui o documento.

Fonte: R7