A dor de perder um filho é insuportável, mas a sensação de que a morte de Wandré de Castro Ferreira, 17 anos, foi tratada como um simples acidente, aumenta ainda mais o sofrimento da mãe, Sirlene Soares de Castro, em Campo Grande. Revoltada e cheia de dor, ela ainda chora e lamenta que a justiça tenha colocado a autora em liberdade apenas seis meses após o crime.
Um ano e três meses convivendo com o vazio deixado pelo filho, a mãe conta ao TopMídiaNews como convive com o sentimento de indignação. “Eu perdi meu filho, e o juiz da 6ª Vara simplesmente soltou essa mulher. Não aceito isso, não concordo com esse julgamento”, diz, Sirlene.
Disposta a recorrer, a mãe diz que a justiça não foi feita e o processo foi mal conduzido desde o início. Ela lembra das contradições nos depoimentos de Elianete e da apuração que não levou em conta muitos detalhes cruciais. “Ela alegou que eu arrastei o corpo, mas quando cheguei, o Wandré já estava na posição que encontrei. Não fizeram a investigação direito”, lamenta.
A mãe de Wandré destaca o fato de que a arma utilizada no crime não era registrada, um detalhe importante que foi ignorado durante o processo. “Essa mulher não prestou socorro e ainda assim foi liberada. Eu fico sem palavras, sem entender”, afirma.
Sirlene passou por uma nova perda e além do filho, agora está sem o pai que faleceu no dia 21 de novembro. “O aniversário do meu filho, foi dia 25 de novembro, seria o tão sonhado 19º aniversário dele. Agora, não passa de uma lembrança”, desabafa.
A morte
Wandré morreu com um tiro no olho disparado pela vizinha no dia 3 de setembro de 2023, no condomínio onde morava, no Jardim Canguru.
Na tarde do crime, conforme já noticiado pelo site, a autora alegou que o disparo foi acidental. Segundo a versão da mulher, Wandré havia ido até a casa dela pedir a arma emprestada e, no momento em que ela estava municiando o revólver calibre .38, o tiro disparou, atingindo o olho do menor.
A versão de Elianete foi aceita inicialmente pela polícia, que classificou o caso como homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar. Contudo, o histórico criminal da acusada, que inclui passagens por tráfico de drogas, roubo e até atos infracionais envolvendo sequestro.
Sirlene não acredita que a morte do filho tenha sido um simples acidente. “Meu filho não era uma pessoa problemática. Ele ajudava ela, levava os filhos dela na escola, ajudava a cuidar das crianças. E essa mulher, essa infeliz, tirou a vida dele. Aposto que, se fosse eu no lugar dela, estaria presa ou até morta”, afirma, a mãe da vítima.
Para a mãe, passar o segundo aniversário e segundo Natal sem o filho só aumenta o sentimento de injustiça. “Se ele tivesse sido uma pessoa de caráter duvidoso, talvez eu até poderia entender, mas ele era um bom filho, bom amigo, sempre ajudando a todos. A justiça não foi feita, e eu vou lutar por ela até o fim”, finaliza.