Revista MS

Prima de Adriane ganha salário maior que prefeita em Campo Grande

A secretária-adjunta de Administração e Inovação, Valéria Maria Barbosa Regis Machado, é uma das agraciadas com alto salário na prefeitura. Com R$ 30 mil de vencimento, ela fatura mais que a própria prefeita Adriane Lopes (PP), o que afronta a Constituição Federal. Ela é prima da prefeita da Capital de Mato Grosso do Sul.

Conforme Portal da Transparência, Valéria Maria é servidora de carreira, mas vem ocupando funções de comando nos últimos anos. Foi secretária de Gestão entre 2017 e 2018 e 2022. Agora, ela recebe dois salários, um de R$ 15.273,65 e outro de R$ 15.148,35. Neste caso, o vencimento dela em maio e junho deste ano foi de R$ 30.422,00.

Nos mesmos meses, o salário de Adriane, que ocupa o cargo máximo da administração pública campo-grandense, foi de R$ 26.943,05, conforme o Portal da Transparência da Prefeitura de Campo Grande.

O detalhe é que os salários da adjunta estão divididos em dois campos: o primeiro é ''remuneração de servidores'' e o outro é ''outros pagamentos''. 

Um dos dois salários da adjunta Valeria Maria (Foto: Reprodução PMCG )

MAIS NOMES

No chamado ''Trem de Alegria'', há outros nomes como o de Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes, concunhada de Adriane Lopes. Thelma Lopes – cunhada de Lídio Lopes – tem dois salários: no campo ''remuneração de servidores'' a secretária fatura R$ 19.028,90 e na seção ''outros pagamentos'' ela recebe R$ 17.833,42. O total bruto é de R$ 36.862,32. 

O valor recebido por Thelma corresponde ao mês de maio deste ano e está quase R$ 10 mil maior que o vencimento de Adriane, de R$ 26.943,05. Neste caso, ninguém poderia ter salário maior que o da prefeita da cidade.  

A secretária Municipal de Fazenda, Marcia Helena Hokama, detém dois vencimentos: um de R$ 19.028,90 e outro R$ 16.029. Juntos, os salários somam R$ 35.057,90 e ultrapassam o que Adriane Lopes ganhava no mês de maio deste ano. 

ESCÂNDALO

A situação de Thelma foi a ''pedra no sapato'' de Adriane Lopes durante o pleito de 2024 e quase custou a ''eleição/reeleição'' dela. À época, o caso ficou conhecido como ''Folha Secreta'', onde servidores ''ilustres'' recebiam valores a mais em forma de adicionais, não publicados no Portal da Transparência. 

A existência de uma folha paralela de pagamento é alvo de questionamentos há cerca de dez anos. No entanto, à tona quando Adriane chegou ao poder e abrigou a concunhada, contradizendo discurso moralista da campanha eleitoral. 

TCE

O conselheiro do Tribunal de Contas de MS, Jerson Domingos, lamentou a denúncia de existência da ''folha secreta'' e disse que vai alertar colega que relata as contas de Campo Grande. 

Além disso, Domingos criticou profundamente a prefeita e disse que o problema poderia ser resolvido caso houvesse vontade política. O conselheiro sugeriu que a gestão deveria suspender os serviços por alguns dias em um determinado órgão e chamar todos os servidores para se apresentarem à prefeitura. 

''Aqueles que não forem, seria abandono de emprego e demissão. Os que se apresentassem e dissessem que estavam sem lotação, seriam lotados em algum lugar. É assim que se resolve a folha secreta, fazendo sobrar mais dinheiro para Saúde e Educação'', refletiu o membro do TCE. 

O espaço está aberto para manifestação da atual gestão.