Após a repercussão da matéria sobre a abordagem policial sofrida por Nisernei da Silva, de 41 anos, vendedor de lanches e geladão na BR-163, o Posto América afirmou não ter sido o responsável pela denúncia. O caso ocorreu nas dependências do estabelecimento que, mesmo não tendo sido acusado, se viu na necessidade de esclarecer o ocorrido.
Conforme o advogado Elio Tognetti, representante do estabelecimento, a presença de Nisernei no local é de uma década e, durante estes anos, nunca houve incômodo com seu trabalho no local. Ele acredita que a denúncia possa ter partido de um restaurante vizinho.
“Nunca nos incomodamos com a presença dele. Até porque não são dez dias que ele está ali, mas dez anos. Jamais faríamos isso”, afirmou Elio. “O posto jamais criou qualquer obstáculo, até porque é totalmente deselegante. O problema talvez seja um restaurante que funciona logo após o posto, que foi quem teria acionado a polícia”, completou.
Nisernei, que atua há mais de uma década nas margens da rodovia vendendo café da manhã e geladões a caminhoneiros, relatou em vídeo ter sido retirado do pátio onde costuma parar para atender os clientes. No momento da abordagem, ele afirmou estar sendo vítima de injustiça e disse que apenas tentava ganhar o “pão de cada dia”.
“Eu fui denunciado porque estou tentando trabalhar, vender meus pãezinhos, meus lanches. Olha a injustiça. Caso alguém me denunciar de novo, porque eu estou trabalhando, eu vou ser preso. Eu só quero ganhar o meu pão de cada dia”, desabafou.
A versão agora apresentada pelo representante do posto reforça o que o próprio vendedor havia sugerido: de que a denúncia teria partido de alguém incomodado com a concorrência.
Nisernei trabalha com vendas ambulantes desde as primeiras horas da madrugada, percorrendo trechos da BR-163 e parando brevemente em pontos onde há fluxo de motoristas e caminhoneiros. “Tem 10 anos que eu vendo lanche ali na parte da manhã, e na parte da tarde vendo geladão gourmet. Mas não é um ponto fixo, eu passo, fico ali uns 40 minutos e já continuo seguindo a paralela das oficinas para atender os caminhoneiros. É um ponto andando”, explicou.
A reportagem procurou representantes do restaurante citado por Elio Tognetti, que informou não estar ciente da denúncia. Segundo o responsável pelo estabelecimento, o contato com a Polícia Militar não partiu do restaurante, mas, sempre que há ambulantes no local, é feita de fato a orientação para que não haja a comercialização nas dependências.
*Matéria editada para correção das informações às 14h30 do dia 28/07