Nelsinho Trad já está de volta ao Brasil e traz consigo esperanças de derrubar o ''tarifaço'' de Donald Trump, antes mesmo de começar a vigorar, em 6 de agosto. O motivo é congressistas americanos fizeram coro ao apelo dele contra a medida que afeta ambos os países.
Segundo a divulgação do senador, que chefiou a comitiva de parlamentares nos EUA, congressistas do partido Democratas – oposição a Trump – preparam medidas para revogar a tarifa de 50% aos produtos brasileiros que entrarem naquele país.
Na visão de Nelsinho, a força-tarefa contra a medida contou com o entusiasmo e a força dos empresários e produtores dos Estados Unidos, que também terão prejuízos.
Foi dito também que, ao mesmo tempo, tribunais federais norte-americanos analisam se houve abuso de poder na invocação da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional. Especialistas jurídicos argumentam que a justificativa da Casa Branca — a alegada ameaça à segurança nacional representada pela atuação do STF brasileiro — é frágil e sem precedente.
Trad celebrou nota conjunta dos senadores Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Chuck Schumer e Ron Wyden, que criticaram que as tarifas para tentar impedir a Suprema Corte do Brasil de processar o ex-presidente Bolsonaro. A indignação diante da medida foi compartilhada por outros parlamentares com quem a comitiva brasileira se reuniu: Martin Heinrich (Novo México), Chris Coons (Delaware), Mark Kelly (Arizona), Michael Bennett (Colorado), Ed Markey (Massachusetts) e Thom Tillis (Carolina do Norte).
Mais reações
Ainda segundo a equipe do senador brasileiro, o senador Martin Heinrich alertou para os efeitos domésticos da tarifa. Citou o aumento no preço do café, a pressão sobre o setor madeireiro e os reflexos na habitação, já que insumos importados do Brasil integram a cadeia da construção civil.
''O caminho tem que continuar no diálogo, na razão, para que a gente possa avançar em outros pontos'', afirmou o senador Nelsinho Trad.
“Turn off the light” (apaga a luz)
Embora produtos como celulose, papel, fertilizantes e combustíveis tenham sido poupados, o tarifaço atinge 36% das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Na véspera da assinatura do decreto que sustenta a medida, senadores brasileiros ouviram um alerta de empresários durante reunião no escritório da AS/COA (Americas Society/Council of the Americas): se os transformadores exportados pelo Brasil não forem entregues até 2027, “apaga a luz”.
Agora, os contratos firmados com fornecedores brasileiros estão sob risco. Empresários americanos pressionam o governo a rever a decisão.
Na reunião com os senadores brasileiros, representantes de gigantes como ExxonMobil, Amazon, PepsiCo, Lockheed Martin e Mars demonstraram preocupação quanto aos impactos do tarifaço sobre diversas cadeias produtivas. No setor alimentício, uma das principais é com a carne. O preço da moída já subiu 15% desde o anúncio da tarifa.
''Precisamos da carne magra do Brasil para moer com a gorda dos EUA'', afirmou um dos presentes.
Já de volta ao Brasil, o líder da missão do Senado brasileiro, senador Nelsinho Trad, informou que “na segunda-feira, nós vamos fazer uma reunião e uma articulação com quem tem a prerrogativa de negociar no Executivo para apresentar tudo o que ouvimos e sugestões recebidas para distensionar a crise com os Estados Unidos. É apenas o início de um trabalho suprapartidário pelo Brasil”.