Revista MS

Mãe dorme há quase 3 meses em cadeira de hospital enquanto espera vaga para filho no Nosso Lar

Há quase três meses, a dona de casa Patrícia de Sá Ferraz, 47 anos, vive o drama de dormir em uma cadeira na Santa Casa de Campo Grande para acompanhar o filho, Samuel José de Sá Dittrich, 19 anos, diagnosticado com autismo severo e deficiência intelectual. Internado tratando uma pneumonia, ele aguarda transferência para o Hospital Nosso Lar, unidade especializada no atendimento de pacientes com seu perfil clínico.

Segundo a família, Samuel foi internado inicialmente na UPA Vila Almeida, após uma crise em casa. Ele permaneceu na unidade à espera de vaga no Nosso Lar, mas acabou contraindo uma infecção hospitalar e desenvolveu uma pneumonia. Por conta da gravidade do quadro, o rapaz foi transferido para a Santa Casa, onde segue internado.

“Ele está magrinho, com marcas no corpo, e a gente não sabe mais o que fazer. Meu medo é darem alta para ele e a vaga no Nosso Lar não sair. Em casa, não temos estrutura para cuidar dele”, desabafou Patrícia.

A avó do jovem, que também acompanha a luta por atendimento, contou que médicos do Hospital Santa Emília chegaram a emitir uma carta para ser levada à Defensoria Pública, relatando que Samuel necessitava de internação em clínica especializada. “Ele quebra tudo, se machuca, agride a mãe. Já destruiu fogão, geladeira. É impossível manter ele em casa sem o tratamento certo”, afirma dona Francisca.

Mesmo com documentos e solicitações, a transferência não foi concretizada. O medo da família é que, ao receber alta da Santa Casa, Samuel volte para casa sem o tratamento adequado, o que poderia colocar em risco tanto a própria saúde quanto a integridade da mãe.

A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para verificar se é de responsabilidade do órgão a regulação de Samuel para o Hospital Nosso Lar e aguarda retorno.

Em resposta a prefeitura informa que todos os atendimentos, exames e consultas realizados pelo SUS seguem critérios de priorização baseados em urgência, gravidade e disponibilidade de recursos.

Em nota a prefeitura ainda diz que “por respeito à Lei Geral de Proteção de Dados e ao direito à privacidade, a Secretaria Municipal de Saúde não pode fornecer informações individualizadas sobre pacientes, mesmo que de forma indireta. Qualquer informação sobre o estado de saúde, atendimento ou regulação será prestada exclusivamente ao próprio paciente, ou quem legalmente seja responsável pelo mesmo de forma segura e de acordo com os critérios legais vigentes”. 

• Ouvidoria SUS – 0800 314 9955 / (67) 3314-9955
• Portal da Ouvidoria: https://ouvidor.saude.gov.br/public/form-web/registrar
• Central 156