Revista MS

Justiça absolve jovem que atropelou e matou padrasto em Campo Grande

A Justiça absolveu a jovem Vanusa Roberto, acusada de atropelar e matar o padrasto Maikon da Silva, de 39 anos, na noite do dia 22 de janeiro de 2023, no loteamento Rancho Alegre, em Campo Grande. 

O julgamento ocorreu nesta sexta-feira (25), no Fórum da Capital. Vanusa estava sendo acusada em três qualificadoras: por motivo torpe; meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Para conseguir reverter a situação de Vanusa, o advogado de defesa, Renato Franco Cavalcante, alegou o contexto de violência doméstica praticado por Maikon contra a mãe, a irmã e contra a própria autora. Além disso, o advogado sustentou a ausência de dolo de matar pedindo a desclassificação do homicídio pela lesão corporal seguida de morte.

A defesa pediu que os jurados votassem pelo reconhecimento do relevante valor moral, considerando a violência empregada contra a mãe; o domínio de violenta emoção considerando a ligação de vídeo feita pela vítima em que afirmou categoricamente que mataria a mãe e a irmã.

“Respeito o contexto da situação. Alguém morreu, houve um julgamento e os jurados decidiram com base nas oratórias do MP (Ministério Público) e da Defesa. Pela soberania dos veredictos, se optaram em acolher a tese de defesa, o sentimento é de que foi feito Justiça”, disse o advogado ao TopMídiaNews.
 

Relembre o caso

Vanusa Roberto, 25 anos, se apresentou à Polícia Civil, nesta quinta-feira (26), em Campo Grande. Ela confessou ter matado o padrasto, Maikon da Silva, 39 anos, na tarde de domingo (22), atropelado e justificou que ‘’só queria assustar’’. 

A suspeita contou ao delegado Fabrício Dias, da 6ª DP, que voltou de um banho de rio, com uma amiga, olhou pela janela do quarto da mãe e flagrou o padrasto a enforcando. A agressora detalhou que a mãe parecia desacordada e gritou para que o padrasto parasse com a agressão. 

Ainda conforme o depoimento, o suspeito fugiu do local e Vanusa disse que ligou para ele, mas o agressor não atendeu. Na sequência, ela pegou o carro e, junto de uma amiga, saiu pelas ruas do bairro, a fim de achar Silva. 

Minutos depois, diz a investigada, ela recebeu uma ligação de Maikon, que confessou as agressões e disse que estava bebendo cerveja em um mercado. A suspeita seguiu à procura do padrasto, até encontra-lo na avenida Afluente. 

A suspeita foi perguntada o por quê de atropelar o padrasto, ao que ela respondeu que ficou desesperada. ''Tanto homem matando mulher… desejava apenas assustar ele'', diz a agressora. 

Sobre o fato de ter atropelado Maikon uma vez e, dado marcha a ré e avançado com o carro novamente, Vanusa disse que ‘’não se lembra desse fato’’. Ela diz que fugiu por temer as consequências do ato dela. 

Tragédia familiar 

A namorada de Maikon, contou que ele a agrediu e, inclusive tentou matá-la enforcada, em uma residência no loteamento Rancho Alegre. 

Ainda conforme apurado, a filha dela, Vanusa Roberto, 25 anos, soube das agressões e saiu à procura do padrasto, pelas ruas do bairro. 

A suspeita estava em um Corsa, com placas de Coxim, e acessou a Avenida Afluente pela contramão. Ela visualizou o padrasto sentado na calçada de uma conveniência, bebendo. A jovem então subiu a calçada, propositalmente, e jogou o carro contra Maikon. 

Não satisfeita, disse o boletim de ocorrência, Vanusa dá marcha a ré e mais uma vez avança com o carro e prensa Silva contra a parede. A vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, em estado grave, inclusive com esmagamento de crânio e levado à Santa Casa, onde faleceu na manhã de segunda-feira (23).  

A namorada de Maikon contou que não acionou a polícia ou registrou ocorrência em relação à violência doméstica. Ela relatou ter sido vítima, várias vezes, de violência doméstica e tentativa de homicídio por parte do namorado. 

O casal anunciou ''relacionamento sério'' nas redes sociais em 15 de janeiro deste ano. Os dois, conforme publicações no Facebook, estariam juntos desde novembro do ano passado.