Revista MS

Família fez dívida de R$ 347 mil para pagar faculdade de estudante que matou mãe atropelada no RJ

Família do estudante de medicina Carlos Eduardo Tavares de Aquino Cardoso, de 32 anos, fez empréstimo e dívida de R$ 347 mil para pagar faculdade do rapaz. Ele foi preso acusado de atropelar e matar de forma proposital a própria mãe, Eliana de Lima Tavares Cardoso, de 59 anos, quando trafegava com uma bicicleta elétrica na noite de 28 de outubro, no bairro Jardim Carioca, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.

O estudante estava no último ano do curso da Faculdade de Medicina de Campos dos Goytacazes (FMC), no 12º período, e acumulava uma dívida de crédito estudantil no valor de R$ 347 mil. De acordo com a FMC, uma comissão disciplinar definirá qual punição será dada ao estudante. O regime da faculdade prevê 30 dias para o andamento da avaliação, que começou a contar no dia 30 de outubro.

Segundo a investigação, uma instituição financeira entrou na Justiça, em julho de 2024, para conseguir o pagamento de um valor solicitado pelo estudante Carlos Eduardo, pela mãe e pelo pai dele.

Conforme o processo judicial, o empréstimo foi feito no mês de novembro de 2021, no valor de R$ 261 mil, que seriam pagos em 120 parcelas entre 2022 e 2031. No entanto, em março de 2024, as parcelas ficaram atrasadas, resultando no valor atualizado.

Ainda de acordo com o processo, a família deu como garantia de pagamento um imóvel no subdistrito de Guarus, em Campos. A Polícia Civil informou que o empréstimo seria para o pagamento da faculdade de medicina do Carlos Eduardo.

Por conta da investigação do acidente, a Faculdade de Medicina de Campos chegou a informar, em nota publicada um dia após o acidente, que ações disciplinares seriam providenciadas pela Direção-Geral. Conforme o G1 RJ, Carlos Eduardo se encontra em um presídio de Itaperuna, no noroeste do Rio de Janeiro.

Intenção de matar

Segundo registro policial, Carlos Eduardo, que dirigia um carro, teria acelerado e atropelado propositalmente a mãe, que trafegava em uma bicicleta elétrica pelas ruas do bairro onde moravam. Ela foi atingida pelas costas e morreu no local.

Após cometer o crime, ele fugiu. No entanto, durante a fuga, Carlos Eduardo ainda chegou a atingir um carro, com cinco ocupantes. Todos ficaram feridos. O estudante, que seria usuário de drogas, teria usado entorpecentes.

Conforme o delegado Carlos Augusto Guimarães, que investiga o caso, o estudante teve a intenção de matar. Durante as investigações, foi comprovado um longo histórico de agressões e violência doméstica cometida por Carlos Eduardo contra a mãe.

“Fatores como a utilização do veículo de forma anormal pouco antes do acidente, somente acelerando o veículo naquela reta onde foi a colisão; a questão de tentar fugir do local do crime, que comprova que ele teve algum tipo de consciência naquela conduta; o menosprezo pela condição de mulher da mãe, que viu a mãe morta ali e sequer esboçou qualquer tipo de sentimento daquilo tudo; São fatores que nos levaram a crer que ele realmente agiu dessa forma”, comentou o delegado.

Ainda segundo a Polícia Civil, a questão da boa iluminação e de o estudante conhecer a bicicleta da mãe, com características únicas em todo o bairro, foram fundamentais para entender que o crime foi proposital. “A questão da boa iluminação do local foi crucial porque tinha condições de ver que era a bicicleta da mãe. Bicicleta amarela aquela, cor amarelo vivo, que todo mundo sabia da comunidade que só ela tinha. Ele mesmo sabia. Então, todos esses fatores levaram a investigação no caminho do dolo”, explicou o delegado.

Com as investigações comprovando o dolo, Carlos Eduardo foi denunciado na última quarta-feira (6) por feminicídio, cinco lesões corporais culposas contra os feridos que estavam no carro atingido, e por dirigir sob efeito de entorpecente.