Revista MS

EUA: lucro do agro pode melhorar com expectativa de custo mais baixo

ESTADÃO CONTEÚDO

Os resultados financeiros de empresas do agronegócio dos Estados Unidos estão sendo afetados por uma série de fatores, como incertezas sobre tarifas, custos elevados e gripe aviária.

No entanto, essas companhias esperam uma recuperação ainda este ano. Empresas de sementes, fertilizantes, equipamentos e outros insumos para agricultores nos EUA acreditam que a combinação de preços mais altos de grãos e custos mais baixos permitirá que os produtores rurais gastem mais.

Na quinta-feira, 13, a fabricante de equipamentos agrícolas Deere afirmou que os custos de insumos para agricultores nos EUA, que têm sido altos nos últimos anos, devem diminuir. Esse alívio, ainda que lento, pode permitir que produtores voltem a investir em novos equipamentos.

Apesar de a Deere ter registrado uma queda de 30% na receita líquida e de 50% no lucro líquido no último trimestre em relação a igual período do ano anterior, o aumento nos preços de grãos pode ajudar na recuperação da empresa ainda este ano.

“De um trimestre para o outro, vimos uma melhora nos fundamentos do setor agrícola”, disse o diretor financeiro, Josh Jepsen, durante teleconferência de resultados. Os custos de insumos, como fertilizantes, combustíveis e mão de obra, vêm diminuindo há três anos, afirmou Josh Beal, diretor de relações com investidores da Deere.

No entanto, os planos tarifários do governo de Donald Trump continuam gerando incerteza sobre os custos para agricultores e fornecedores. “Nosso foco principal continua sendo entender como as tarifas propostas podem afetar as operações de nossos clientes, pois reconhecemos sua necessidade de um comércio livre e justo”, disse Jepsen.

Outras empresas do setor agrícola que divulgaram seus resultados trimestrais também sinalizam melhoras para 2025.

“As margens dos agricultores estão melhorando”, disse o CEO da Corteva, Chuck Magro, durante teleconferência de resultados do quarto trimestre. “Ainda não estão ótimas, mas são muito melhores do que no ano passado.”

Em 2024, produtores disseram que seus orçamentos para 2025 estavam no vermelho, já que os preços médios de grãos estavam abaixo do necessário para cobrir os custos. No entanto, os preços dos futuros tiveram uma leve recuperação desde então. Em conjunto com a redução dos custos, isso pode permitir que os agricultores obtenham lucros nesta safra.

Em 2025 até agora, os futuros de milho na Bolsa de Chicago (CBOT) subiram cerca de 9%, enquanto a soja avançou mais de 3% e o trigo ganhou mais de 9%.

Outro fator que pode melhorar as margens dos produtores são os pagamentos de auxílio aprovados pelo Congresso em dezembro.

Segundo um relatório recente do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o lucro líquido do setor agropecuário no país deve subir para US$ 180,1 bilhões em 2025, um aumento de US$ 41 bilhões em relação a 2024.

Contudo, o relatório destaca que esse crescimento será impulsionado por uma previsão de US$ 42,4 bilhões em pagamentos diretos do governo aos agricultores em 2025 – um aumento de aproximadamente US$ 33 bilhões em relação ao ano anterior.

Esse aumento na ajuda do governo federal pode impulsionar a demanda dos agricultores por insumos, beneficiando empresas com lucros mais fracos.

“Os agricultores terão o que precisam para investir na próxima safra – em sementes e insumos – para plantar as culturas certas e alcançar a produtividade desejada”, disse o CEO da Bunge, Gregory Heckman, em teleconferência de resultados.

Embora os custos de insumos tenham diminuído, há sinais de que isso possa ser instável. Os preços dos fertilizantes, que vinham em queda desde os recordes de 2022, subiram acentuadamente no início deste mês, segundo dados da consultoria DTN. O fertilizante é um dos principais custos no orçamento dos agricultores, ao lado de sementes, pesticidas e mão de obra.

A volatilidade nas políticas comerciais da administração Trump tem influenciado o aumento dos preços de insumos como fertilizantes no curto prazo. Na quinta-feira, Trump assinou um memorando pedindo que agências federais estudem a adoção de tarifas recíprocas, buscando alinhar as taxas de importação com as aplicadas por outros países sobre produtos americanos.

Outro risco para a recuperação do setor é a inflação. O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA relatou nesta semana que os preços ao consumidor subiram 3% em janeiro em relação a igual período do ano anterior. Além disso, as taxas de juros persistentemente altas continuam pressionado os orçamentos dos agricultores.

Fonte: Dow Jones Newswires

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