Revista MS

Economia mantém desempenho ‘robusto’ mesmo com sinais de desaceleração, avaliam economistas

Dados divulgados pelo IBGE nesta terça indicam um crescimento de 0,9% na economia brasileira no terceiro trimestre de 2024

No terceiro trimestre de 2024, a economia brasileira cresceu 0,9% em relação aos três meses imediatamente anteriores, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta terça-feira (3). Houve desaceleração em comparação aos crescimentos de 1,4% e 1,1% nos trimestres anteriores, mas a economia brasileira mantém um desempenho “robusto”, apontam analistas. Além disso, economistas entendem que a junção de fatores fiscais e políticos podem contribuir para o crescimento da atividade econômica nos cenários futuros.

O crescimento foi puxado, sobretudo, pelos serviços e pela indústria, que tiveram alta de 0,9% e 0,6% no período, respectivamente. Em contrapartida, a agropecuária recuou 0,9%. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em setembro, o PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de bens e serviços do país, teve alta de 3,1% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

O resultado vem em linha com a previsão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o PIB superaria as previsões do governo e poderia ultrapassar os 3%.

Para o economista Rafael Perez, em geral, a combinação de um mercado de trabalho aquecido, condições de crédito mais favoráveis e o impulso fiscal explicam essa expansão mais forte da economia ao longo de 2024. Entretanto, o analista prevê uma desaceleração para o próximo ano em comparação a 2024, que pode crescer 3,3%, segundo projeção do Ministério da Fazenda.

“Para o próximo ano, projetamos uma desaceleração do crescimento do PIB para 1,9%. Uma série de vetores que sustentaram a economia este ano, como consumo, indústria e investimentos, devem perder força em 2025 com a política monetária mais restritiva e o menor impulso da política fiscal. Com isso, a atividade crescerá mais em linha com nossa capacidade de expansão, mas ainda puxado pelo mercado de trabalho resiliente e, principalmente, o agronegócio”, explica Perez.

Cenário internacional

Em consequência, o crescimento do PIB permite um posicionamento mais competitivo do Brasil no cenário internacional, explica o economista Hugo Garbe.

“No terceiro trimestre de 2024, o país registrou o quarto maior crescimento entre as economias do G20, superando nações como China e Estados Unidos. Esse crescimento fortalece a confiança de investidores estrangeiros, potencializando investimentos diretos e ampliando a participação brasileira no comércio global”, comenta.

Em complemento, o educador financeiro Raul Sena cita a possibilidade de atração de mais investimentos estrangeiros, aumento da credibilidade do país e maior acesso a mercados globais.

“Além disso, pode impulsionar acordos comerciais estratégicos. No entanto, para que isso seja sustentável, o Brasil precisa manter o foco em reformas estruturais e na consolidação de uma agenda econômica sólida. Caso contrário, será apenas mais um ‘voo de galinha’“, analisa Sena.

Com o desempenho do PIB, o dólar registrou queda, mas se manteve acima de R$ 6 nesta terça. Para Garbe, a redução pode ser explicada pela valorização da moeda nacional, mas outros fatores como políticas monetárias e condições externas também influenciam o câmbio.

“Apesar do desempenho econômico positivo, o mercado projeta uma taxa de câmbio de R$ 5,60 por dólar para 2024, indicando uma depreciação do real. Isso sugere que, embora o crescimento do PIB seja um fator relevante, a taxa de câmbio é afetada por uma combinação de elementos econômicos e políticos, tanto domésticos quanto internacionais”, disse.

FMI

Em outubro, o FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou a projeção de crescimento da economia brasileira de 2,1% para 3% em 2024. Apesar da melhora, o fundo estima desaceleração para 2025, com o crescimento caindo de 2,4% para 2,2%.

Segundo a organização, a economia brasileira crescerá mais que o previsto por causa de resultados melhores que o esperado no primeiro semestre, além da consequência de um mercado de trabalho forte, inflação sob controle e o aumento da renda. O FMI também citou impacto menor que o esperado das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o PIB.

Serviços puxam PIB

O crescimento dos serviços se deve aos desempenhos positivos das atividades de informação e comunicação (2,1%), outras atividades de serviços (1,7%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%), atividades imobiliárias (1%), comércio (0,8%), transporte, armazenagem e correio (0,6%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,5%).

Na indústria, houve alta de 1,3% nas indústrias de transformação. Por outro lado, caíram: construção (-1,7%), eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,4%) e indústrias extrativas (-0,3%).

Fonte: R7