Revista MS

Dedetização não dá conta e moradores temem tragédias com escorpiões no Cabreúva

Infestação de escorpiões no bairro Cabreúva, em Campo Grande, tem preocupado comerciantes e moradores. Mesmo com dedetização semanal, o empresário Pedro Benites, 45 anos, relata que os animais continuam aparecendo, vindos principalmente de bueiros na Rua Eça de Queiroz.

“Aqui na região do Cabreúva, São Francisco está infestado. Faço a dedetização toda semana, tenho comércio, eles vêm de um bueiro na rua”, contou.

O problema atinge todo o município. Campo Grande é a cidade com maior número de ataques de escorpião em Mato Grosso do Sul.

Pedro desconfia que os escorpiões se movimentem pela rede de esgoto. “Tem terrenos grandes aqui na região, mas vejo eles saindo do bueiro. Me parece que vivem na rede de esgoto. Aqui tem uma estação de tratamento de esgoto desativada”, explica.

Somente em 2024, foram 1.888 casos de picadas de escorpião, segundo dados da Coordenadoria Estadual de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica (CVSAT), da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Em todo o Mato Grosso do Sul, de janeiro de 2024 a janeiro de 2025, foram registrados 6.101 acidentes escorpiônicos — três em cada quatro ocorrências envolvendo animais peçonhentos.

“A gente ouve os vizinhos falar que, volta e meia, alguém é picado ou acha escorpião em casa”, destaca o empresário Pedro Benites.

Tragédias

Na última semana, duas crianças de 8 anos morreram vítimas de picadas: Valentina Macedo, em Chapadão do Sul, e Adrian Souza Martins, em Itaquiraí. Os casos acenderam o alerta sobre a gravidade dos acidentes, especialmente entre crianças e idosos, mais vulneráveis ao veneno.

As espécies mais comuns no Estado são o Tityus confluens (escorpião amarelo, de acidentes moderados), o Tityus serrulatus (escorpião amarelo, de acidentes moderados a graves) e o Tityus bahiensis (escorpião marrom, causador de casos graves). Eles se escondem em áreas escuras, úmidas e com oferta de alimento, como redes de esgoto, ralos, entulhos, caixas de gordura, bueiros e terrenos baldios.

O governo estadual afirma ter implantado a Rede Integrada de Controle de Escorpiões (Rice) e realizado capacitações para profissionais de saúde e saneamento. A orientação em caso de picada é buscar atendimento médico imediato, evitando remédios caseiros.

Para prevenir acidentes, especialistas reforçam medidas simples como manter ralos tampados, vedar frestas, evitar acúmulo de lixo e entulho, limpar quintais e inspecionar roupas e calçados antes de usar.