O vigilante Higor Ferreira, de 29 anos, denunciou o que classifica como descaso no atendimento da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) das Moreninhas, em Campo Grande. Ele buscou atendimento na quarta-feira (30), com sintomas de febre, tosse intensa e dores no corpo, mas afirma que não recebeu a devida atenção médica. A situação só mudou após retornar à unidade no dia seguinte, quando foi atendido por outro profissional e, segundo ele, “completamente diferente no trato e na conduta”.
Na primeira tentativa de atendimento, Higor relata que ficou por horas aguardando na recepção e saiu da unidade sem sequer ser avaliado fisicamente pelo médico de plantão. “Fiquei horas aguardando para no final o médico nem me avaliar. Ele só perguntou o que eu tinha, mandou eu tomar os remédios que eu já estava tomando e me mandou embora”, conta.
“Se for para falar e passar remédio sem avaliar, melhor ir à farmácia ou pesquisar na internet, que é mais rápido. Depois falam que é medicina por amor. Amor a quem? Só se for amor-próprio e à remuneração recebida”, desabafa o paciente.
Higor afirma que no dia 31, data em que retornou à unidade, passou mais uma vez por longa espera na recepção, ao lado de outros pacientes. Ele conta que chegou às 10h e só foi atendido por volta das 15h, mesmo em meio a sintomas que indicavam um possível quadro de pneumonia.
“O engraçado é que me disseram na UPA que eu era caso de Ala Verde e atenderam primeiro os casos da Ala Amarela. Umas 20 pessoas passaram na minha frente, depois que cheguei, e saíram andando, sorrindo, enquanto eu, que estava morrendo de tanta dor no corpo, com febre, tossindo demais, era Ala Verde”, relatou.
Segundo ele, durante esse período de espera houve tumulto na recepção devido à insatisfação dos pacientes. “Eu e outros pacientes ficamos desde às 10h esperando atendimento. Chegou a ter um tumulto na recepção tamanha a demora. Teve uma senhora lá que estava com uma criança e chegou a ligar na Ouvidoria para denunciar, mas não adiantou em nada. É muito complicado essa situação. É desumana”, completa.
Apesar do atendimento insatisfatório na quarta-feira, Higor elogiou a postura do médico que o atendeu na quinta. “Esse segundo médico foi super profissional. Até os remédios foram diferentes dos que tinham passado antes. Está dando resultado”, conta.
Mesmo com a prescrição adequada, o paciente enfrentou outro problema: a falta de medicamentos na própria unidade. “Na farmácia do posto só tinha dipirona e um xarope. Não tinha o ibuprofeno que ele me passou. O remédio de pneumonia também não, nem o soro que ele indicou”, afirma.
Higor foi diagnosticado com pneumonia e segue em tratamento, com sintomas persistentes, como vômitos diários. Desde a quinta-feira (31), está afastado do trabalho.
“Apesar da melhora, estou vomitando todo dia. Pneumonia não é fácil. Só de remédio já gastei R$ 200, mas está dando resultado. Estou desde quinta-feira sem trabalhar”, finaliza.
Resposta da prefeitura
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que “implantou o novo Protocolo de Classificação Sistematizada de Risco (PCS-24) nas dez unidades de urgência e emergência da Capital. A medida representa um avanço significativo na qualidade do atendimento prestado à população, com critérios clínicos mais justos, padronizados e baseados em evidências científicas”.
Segundo o município, os tempos de espera previstos são: vermelho (atendimento imediato), laranja (até 10 minutos), amarelo (até 60 minutos), verde (até 120 minutos) e azul (até 240 minutos). “A medida garante que os casos mais graves sejam priorizados, conforme critérios clínicos e técnicos”, aponta.
A prefeitura garante, ainda, que o abastecimento de medicamentos nas unidades é acompanhado de perto “para garantir o atendimento da população”.
“Por se tratar de uma lista extensa de itens, podem ocorrer faltas pontuais devido à alta demanda, entraves na entrega por parte dos fornecedores ou indisponibilidade de matéria-prima, entre outros. A Prefeitura busca continuamente prestar um atendimento de qualidade para que a população continue utilizando os serviços de saúde com tranquilidade, pois trabalha com dedicação para atender todas as necessidades. As solicitações e dúvidas da população devem ser registradas por meio da Ouvidoria da Saúde (0800 314 9955 ou 3314-9955), canal oficial e mais eficaz para acompanhamento e retorno direto da equipe técnica responsável”, finaliza.