Câmera de segurança registrou o espancamento do artista de 23 anos, que apanhou de 10 rapazes, na madrugada de sábado, por homofobia, após a vítima ser vista beijando outro rapaz na região da Esplanada Ferroviária, em Campo Grande.
O crime aconteceu por volta das 3h da madrugada, quando a vítima trocou beijos com um rapaz em frente ao Armazém Cultural.
Ao chegarem à moto da vítima, estacionada em frente ao Armazém Cultural, começaram a se despedir com beijos, momento em que o grupo se aproximou gritando ofensas homofóbicas. “'Aqui não é lugar para viado, mete o pé!'. Ao mesmo tempo, chutavam minha moto e me agrediam. Um deles me deu capacetadas, quebraram o paralama, derrubaram a moto. Eu pensei: ou é a moto, ou sou eu. Saí correndo”, disse.
Imagens gravadas mostram ao menos sete homens cercando e agredindo o jovem. Segundo a vítima, outros três integrantes do grupo não aparecem no vídeo. “Se eu não tivesse com capacete, tinha morrido. Ele quebrou na parte de baixo com as pancadas”, lembra.
Mesmo ferido, o jovem conseguiu fugir e retornou ao bar para buscar ajuda, mas afirma não ter sentido acolhimento do local. “O segurança não queria me deixar entrar para lavar o rosto. Meu amigo precisou discutir para liberar. Ninguém do bar me ofereceu água, atendimento ou perguntou se eu estava bem”, afirma.
No banheiro, percebeu cortes profundos no rosto e recebeu auxílio apenas de amigos que estavam no local. Após o episódio, o jovem acionou a Polícia Militar, que o escoltou até sua moto, encontrada estacionada próximo a outro bar.
Na delegacia, soube que o caso não seria tratado como grave por não apresentar sequelas físicas permanentes. “Então alguém precisa quase morrer para investigar? Se eu tivesse morrido, talvez tivessem dado importância”, desabafa.
O rapaz agredido ainda ouviu de terceiros que o grupo já atacou outras vítimas na região. “Um menino gay levou uma capacetada quando estava urinando na rua. Podia ter morrido”.
Ponto Bar nega falta de apoio
Em nota, o Ponto Bar lamentou o episódio e negou que tenha deixado de prestar assistência ao jovem. Afirmou que a equipe de segurança apenas questionou a vítima para entender a situação e liberou o acesso ao espaço e ao banheiro, além de acionar a segurança pública.
“O Ponto Bar lamenta profundamente o episódio de violência homofóbica e manifesta total solidariedade à vítima. Possuímos imagens do circuito interno que mostram o atendimento prestado e estamos à disposição das autoridades”, informou.
O bar destacou ainda seu histórico como espaço seguro para a comunidade LGBTQIA+ e cobrou da gestão municipal mais policiamento na região, “não apenas para cumprimento da Lei do Silêncio, mas para proteção da população”.
O caso segue em investigação.
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