O sentimento de abandono é o que mais define o dia a dia de quem vive no Jardim Nhanhá, em Campo Grande.
Cansados de esperar por melhorias, moradores colocaram uma faixa em tom de protesto na Rua Bom Sucesso com as frases: “Bem-vindo à Cracolândia”; “estamos abandonados pelo poder público”; e “onde o roubo de fio virou bom dia!!!”
A mensagem estampada resume o cenário enfrentado por famílias que vivem na região, marcada por furtos frequentes, ausência de sinalização nas ruas, buracos, sujeira, acúmulo de lixo e mato alto.
Um morador, que preferiu não divulgar o nome, relatou que até motoristas de aplicativo evitam entrar no bairro, considerado área de risco. “Você sai para ir ao mercado ou ao centro e nunca sabe se sua casa vai ser a próxima a ser arrombada. Já virou rotina”, disse.
O sentimento de impunidade também preocupa. A comunidade denunciou a presença constante de usuários de drogas, furtos de fios a céu aberto e a falta de rondas policiais. “Não tem fiscalização, não tem poder público. Isso acaba atraindo quem quer se esconder.”
Segundo ele, a Rua Floriano Paula Corrêa, no cruzamento com a Travessa do Touro, é um dos pontos mais críticos. Sem quebra-molas, faixas ou placas de sinalização, o local virou pista de racha para carros e motos.
A situação preocupa ainda mais por estar a poucos metros da Escola Municipal Padre Heitor Castoldi e de um mercado, onde há grande circulação de pedestres, inclusive crianças.
“A gente só queria um quebra-molas ali perto do mercado, só isso já ajudaria muito. Mas ninguém nos ouve”, desabafou.
Além da insegurança, o asfalto esburacado agrava o descaso. “Parece a superfície da lua. Desvia de um buraco, cai em outro pior. Está intransitável”, afirmou o morador.
O Jardim Nhanhá hoje sofre com a desvalorização e a fuga de moradores. “As placas de ‘vende-se’ estão por todo lado. O bairro tem tudo para ser nobre, mas está esquecido. Assim nem de graça as pessoas querem vir morar”, comentou.
Sobre as solicitações feitas à prefeitura, o morador contou que já buscou ajuda diretamente na sede da administração e com os vereadores, mas não teve retorno efetivo. “Só dizem que está no cronograma. Estão com medo de entrar aqui ou simplesmente nos ignoram.”
A reportagem buscou contato com a Prefeitura de Campo Grande para comentar sobre a situação, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta.