Investigação da Polícia Federal mostra que o desembargador do TJMS, Divoncir Schreiner Maran, comprou fazenda no valor de R$ 3.9 milhões, mas não teria ''bala na agulha'' para tal negociação. A propriedade foi comprada de outro investigado, o conselheiro do TCE, Waldir Neves, e sugere venda de decisão judicial como pagamento.
Aliás, a Operação Ultima Ratio ocorreu justamente em razão da investida contra o ex-presidente do TCE, que está afastado e com tornozeleira eletrônica.
A apuração da PF mostra que Divoncir, a esposa e os três filhos fizeram uma ''mistureba'' de valores para aquisição de imóveis de alto padrão. No entanto, o que têm em comum é que a origem da dinheirama ainda é desconhecida e não passou pelos órgãos de controle.
A PF obteve junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, que o banco Bradesco reportou movimentação financeira de grande monta, no período de janeiro de 2021 e junho de 2022. Essas operações eram feitas por Divoncir e por um de seus filhos, o advogado Vanio Cesar Bonadiman Maran, que teria, inclusive, procuração para atuar em nome do pai.
“… estaria movimentando valores expressivos em sua conta incompatíveis com sua capacidade financeira declarada, e também movimentando em conta recursos de terceiros, sendo valores pertinentes ao seu pai'', narrou a PF em relatório para o ministro do STJ, Francisco Falcão.
A compra de imóveis envolveu também os filhos Maria Fernanda Gehlen Maran e Rafael Fernando Ghelen Maran. Em outro trecho, os agentes federais mostraram que o desembargador Divoncir fez diversas doações de dinheiro para a amada, Viviane Alves Gomes de Paula.
No ano-calendário de 2016, Maran enviou R$ 60 mil para a esposa; no ano-calendário de 2018, o desembargador mandou mais R$ 48 mil, porém, só consta o registro de R$ 4.500. Os outros R$ 43 mil, a PF diz que não há qualquer informação.
No ano de 2019, foi registrado mais doação do marido para Viviane: de R$ 170 mil. No entanto, só há registro de depósito de R$ 589. O restante a investigação não tem ideia para onde foi.
Pais e filhos
Na investida policial também constou que havia grande proximidade entre os filhos de Divoncir e do desembargador Marcos Brito. Divoncir Junior e Diogo Ferreira Rodrigues eram sócios em um escritório de advocacia na cidade. Mesmo assim, Rafael Maran atuou em processo cujo relator era – nada mais nada menos que o magistrado Marcos de Brito, pai do sócio dele.
O relatório traz ainda que há proximidade entre o advogado Divoncir Junior e os advogados Rodrigo Gonçalves Pimentel – filho do desembargador Sideni Pimentel – e Fábio Castro Leandro, este último filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro.
O espaço está aberto para manifestação dos citados.