Revista MS

De Campo Grande, cabeleireira produz apliques de cabelo a partir de fibra de bananeira

Uma solução que une beleza, economia e cuidado com o meio ambiente pode mudar o mercado de apliques e extensões capilares. A cabeleireira e megahista Marilza Eleoterio de Barcelos Silva, da comunidade Lagoa Park, em Campo Grande, desenvolveu fios de cabelo a partir da fibra de bananeira, criando apliques com aparência semelhante aos feitos com cabelo humano.

A ideia surgiu em 2018, quando uma amiga de Marilza, diagnosticada com câncer, precisava de uma peruca, mas não tinha condições de arcar com o custo. Ao cortar um cacho de banana e notar a textura dos fios, ela se perguntou se seria possível transformá-los em cabelo.

“Comecei a tirar os fios, fiz testes com produtos caseiros, fui tentando até que cheguei a um resultado em que o cabelo ficou macio, sedoso. Usei em mim, na minha irmã, em vizinhos, em amigos, só pra ver o que eles achavam. Não cobrei nada, só pra receber o feedback mesmo — se ficava bom, se gostavam, se comprariam”, relembra.

O resultado agradou especialmente mulheres negras, que enfrentam alto custo e tempo de manutenção com o cabelo afro. “Esse cabelo veio para ajudar também as mulheres negras nisso: economizar tempo e dinheiro”, afirma.

O fio vegetal é tingível, modelável e biodegradável — leva apenas oito dias para se decompor na natureza. Além disso, utiliza matéria-prima descartada no país.

(Foto: Ascom/Sebrae)

Sem experiência em gestão, Marilza encontrou no programa Inova Cerrado, do Sebrae/MS em parceria com o Governo do Estado, o suporte para transformar a invenção em negócio. Sua empresa, “Meus Cabelos, Meus Fios”, ficou em segundo lugar na primeira fase do programa e recebeu R$ 10 mil para investir.

“O Inova Cerrado chegou na minha vida no momento em que eu estava mais sufocada. Pensei em desistir várias vezes, mas as mentoras não permitiram. As consultorias e mentorias abriram minha mente e me fizeram criar outros produtos. Desenvolvi 17 produtos inovadores com base em uma fruta do Cerrado”, relata.

Agora na fase de aceleração, Marilza busca aprimorar a produção e vislumbra exportar. “Vejo que o meu produto não é só para ficar no mercado interno, há interesse do mercado internacional”, diz, citando propostas de sete países.