Moradores do bairro Lar do Trabalhador, em Campo Grande, denunciam o abandono e a descaracterização da praça local, que deixou de ser espaço de lazer para dar lugar a trailers e eventos privados. O caso chegou ao conhecimento do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que agora investiga a possível ocupação irregular da área pública.
A denúncia foi enviada ao MPMS por meio do aplicativo Radar Ambiental, do Conselho Nacional do Ministério Público, ferramenta que permite o envio de fotos, vídeos e localização de crimes ambientais. De acordo com o relato recebido pelo órgão, a praça abriga atualmente um trailer que funciona como bar e também um ponto de apostas, semelhante a um bingo, o que estaria comprometendo o uso coletivo e familiar do local.
Conforme a apuração preliminar, árvores que forneciam sombra ao parquinho infantil foram cortadas sem autorização ao cair com chuva. Ainda segundo o relato, o espaço perdeu completamente a função original, servindo hoje como ponto de aglomeração de usuários de drogas e pessoas em situação de rua.
“Tem mais de dois anos que esse trailer está aí. A árvore caiu com a chuva, mas o trailer ficou. Ali não tem alvará nenhum. Todo final de semana tem bêbado, som alto e festa paga. A gente perdeu um local de lazer, não dá mais para levar as crianças. Só tem droga e bagunça”, desabafou uma moradora que vive no bairro há quase 40 anos.
Ela também afirma que, mesmo com a constante troca de presidentes na associação de moradores, nenhuma medida efetiva foi tomada para recuperar o espaço. “Entra presidente, sai presidente, e está a mesma coisa. Fazem bingo dizendo que é para reforma da praça, mas nunca reformam nada. Aqui não temos mais diversão, não temos paz com nossos filhos nem com nossos idosos”.
Um outro trecho do relato aponta que, neste sábado, a praça foi mais uma vez ocupada por um evento privado com cobrança. “Teve feijoada no meio da praça e foi cobrado. Do outro lado da rua tem uma lanchonete que sempre faz eventos e fecha a praça toda”.
Diante das denúncias, o promotor de Justiça Luiz Antônio Freitas de Almeida determinou que a Semades (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável) faça uma vistoria no local. A pasta deve apurar se houve supressão de árvores sem autorização e se há ocupação irregular da área pública.
Além disso, a Semades terá de informar ao Ministério Público quais medidas administrativas serão tomadas caso as irregularidades sejam confirmadas, segundo o site Nova Lima News. Até o momento, o órgão municipal ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.