A China autorizou a habilitação de 51 estabelecimentos brasileiros para exportação de proteína processada de aves e suínos, farinha e óleo de pescado, além de outras proteínas e gorduras de origem aquática. A decisão abre novas oportunidades para a indústria nacional de reciclagem animal no maior mercado global de nutrição animal.
O anúncio foi publicado nesta terça-feira (29) no site da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC). Todas as plantas habilitadas são associadas à Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) e fazem parte do projeto Brazilian Renderers, parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
A conquista é resultado do trabalho conjunto entre o setor privado e o governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), com apoio dos adidos agrícolas em Pequim. Segundo o MAPA, além do impacto comercial, a habilitação também reforça o papel do Brasil em práticas sustentáveis na agropecuária.
De acordo com os certificados sanitários CSI 221/2023 e CSI 62/2025, as indústrias poderão exportar uma variedade de ingredientes usados na formulação de rações e pet food, como farinha e óleo de pescado (inclusive de camarão, salmão e atum), farinhas de vísceras de aves e suínos, farinha de penas, sangue e penas com sangue, proteínas hidrolisadas, plasma e células vermelhas de suínos, misturas de origem animal e palatabilizantes para pet food.
A habilitação reforça o Brasil como fornecedor confiável e competitivo em um mercado altamente exigente. A expectativa é de crescimento nas exportações nos próximos anos, com ganhos em volume e valor.
Em 2024, o Brasil produziu cerca de 3,7 milhões de toneladas de farinhas de origem animal (todas as espécies), mas exportou apenas 9% desse total — o equivalente a 342 mil toneladas, movimentando US$ 211 milhões. Isso revela uma margem significativa para expansão das exportações, sem comprometer o abastecimento do mercado interno.
Demanda chinesa
A China é líder em consumo e produção animal. O país deve atingir 427 milhões de suínos em 2025, tem a maior população de aves do mundo, com 5,3 bilhões de cabeças em 2023, e deve produzir 52,9 milhões de toneladas de pescado em 2025.
Essa escala de produção gera forte demanda por ingredientes para ração e pet food. O Brasil agora entra de forma mais estruturada nesse mercado, ao lado de países como Estados Unidos, Chile e Tailândia.
Mercado global
Em 2024, os Estados Unidos lideraram as exportações de farinhas para a China, com 407 mil toneladas e US$ 443,7 milhões em receita. Na sequência, aparecem Chile (143 mil t), Tailândia (135 mil t), Índia, México e Equador.
A entrada do Brasil nesse ranking reforça sua competitividade internacional e abre caminho para ampliar sua presença em um mercado de alto valor agregado.
Principais dados do mercado chinês
População de suínos (2025)
- 1º China – 427 milhões
- 2º União Europeia – 132 milhões
- 3º Estados Unidos – 76 milhões
- 4º Brasil – 34 milhões
- 5º Rússia – 28 milhões
Fonte: ABRA/Statisa.com
População de aves (2023)
- 1º China – 5,3 bilhões
- 2º Indonésia – 5,2 bilhões
- 3º Paquistão – 3,7 bilhões
- 4º Brasil – 1,8 bilhão
- 5º Estados Unidos – 1,5 bilhão
Fonte: ABRA/Statisa.com
Produção de pescado (2025)
- 1º China – 52,9 milhões de toneladas
- 2º Índia – 10,2 milhões
- 3º Indonésia – 5,4 milhões
- 4º Vietnã – 5,2 milhões
- 5º Bangladesh – 2,7 milhões
Fonte: ABRA/Fisherinndia.com
Top exportadores de farinhas para a China (2024)
- 1º Estados Unidos – 407.966 t | US$ 443,7 milhões
- 2º Chile – 143.337 t | US$ 273 milhões
- 3º Tailândia – 135.792 t | US$ 176,7 milhões
- 4º Índia – 70.793 t | US$ 93,4 milhões
- 5º México – 58.180 t | US$ 90,5 milhões
- 6º Equador – 56.438 t | US$ 76,8 milhões
Fonte: ABRA/UNCOMTRADE
Fontes: Ascom ABRA, com dados da Statista.com e Fisherinndia.com
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