Revista MS

EUA avaliam resgate a agricultores enquanto retaliação da China ameaça exportações

Denis Cardoso

A secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, disse que o governo está considerando planos para oferecer assistência aos agricultores em meio a preocupações de que a guerra comercial entre EUA e China terá um efeito desastroso sobre os produtores agrícolas americanos, informa reportagem da Bloomberg.

Na terça-feira (8/4), a China anunciou planos para aumentar as tarifas sobre todos os produtos norte-americanos para 84%, após o presidente Donald Trump elevar as tarifas sobre as importações chinesas para 104%. Nesta quarta-feira (9/4), em resposta à Pequim, os EUA elevaram novamente a taxa, agora para 125%.

Durante a primeira disputa comercial com Pequim, no primeiro mandato de Trump, seu governo utilizou a Commodity Credit Corporation para oferecer US$ 28 bilhões para socorrer os agricultores norte-americanos, lembra a Bloomberg. A entidade estatal foi criada para impulsionar a renda e os preços agrícolas.

“Estamos analisando isso novamente”, disse Rollins à Bloomberg News nesta quarta-feira, na Casa Branca. “Obviamente, tudo está em pauta, mas estamos em um período de grande incerteza em relação ao que isso pode significar.”

O secretário da Agricultura disse, no entanto, que nenhuma decisão foi tomada sobre a extensão ou não da assistência financeira aos agricultores, observa a reportagem da Bloomberg.

“O objetivo é que não precisemos fazer isso de forma alguma, que essas mudanças e o realinhamento da economia resultem em um clima de prosperidade sem precedentes para todos os americanos, mas especialmente para nossos agricultores e pecuaristas”, diz Rollins.

As discussões em torno de um resgate agrícola indicam que o governo Trump está preocupado com as possíveis consequências da guerra comercial sobre os agricultores, um eleitorado político fundamental para o presidente e seu Partido Republicano, continua o texto.

As respostas retaliatórias de Washington e Pequim marcam uma rápida escalada que tem preocupado os mercados financeiros globais e gerado temores de uma crise econômica, ressalta a reportagem.

As tarifas retaliatórias estão afetando os agricultores, já que outras políticas do governo restringem sua capacidade de vender produtos.

O governo Trump desmantelou a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), cujos programas compravam commodities de produtores americanos. Trump também ameaçou reduzir os programas de assistência nutricional que compram produtos agrícolas dos EUA.

Até agora, neste ano, 88 fazendas familiares ou corporativas entraram com pedido de falência, contra 50 no mesmo período em 2024, de acordo com a provedora de dados Epiq Bankruptcy Analytics. Espera-se que esse número aumente caso as tarifas americanas se mantenham, diz o texto.

O risco de uma guerra comercial intensificada, afirma a Bloomberg, surge no momento em que os agricultores americanos lutam para recuperar sua posição como os principais exportadores de produtos básicos, do milho ao trigo, após o sucesso do Brasil em conquistar participação de mercado.

As tarifas de Trump fizeram com que governos estrangeiros corressem para fechar acordos com o governo para evitar ou aliviar as taxas. Na semana passada, Rollins anunciou que viajaria ao Vietnã, que busca fechar um acordo com os EUA, e na quarta-feira disse que visitaria o Reino Unido e o Japão “nas próximas seis semanas”.

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