A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo se intensificou depois que a China reagiu à introdução de tarifas pelos EUA com medidas próprias, informou nesta terça-feira (4/2) o canal de notícias BBC.
Pequim, diz a reportagem, decidiu aplicar impostos retaliatórios a produtos norte-americanos específicos, entre outras medidas, após a tarifa geral de 10% introduzida pelo presidente Donald Trump sobre todas as importações chinesas para os EUA.
Trump disse que planeja falar com o presidente chinês Xi Jinping, o que poderia resultar em um acordo temporário entre os dois países, como ocorreu na segunda-feira (3/2) envolvendo o México e Canadá.
Segundo apurou a BBC, parte das contramedidas da China às tarifas de Trump é anunciar impostos de importação próprios sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos EUA de 10%, e uma taxa de 15% sobre petróleo bruto.
A resposta de Pequim significa que as empresas que desejam importar combustíveis fósseis dos EUA terão que pagar o imposto para fazer isso.
A China é o maior importador mundial de carvão, mas obtém a maior parte dele da Indonésia, embora Rússia, Austrália e Mongólia também estejam entre seus fornecedores, relata a BBC.
No que diz respeito aos EUA, a China vem aumentando as importações de GNL do país, com volumes quase dobrando os níveis de 2018, de acordo com dados da alfândega chinesa.
No entanto, diz a BBC, a compra externa chinesa de combustíveis fósseis é modesta, com as importações dos EUA respondendo por apenas 1,7% do total de petróleo bruto comprado pela China no exterior em 2023. Isso sugere que a China não depende dos EUA e, portanto, o impacto das tarifas em sua economia pode ser mínimo, esclarece a reportagem.
Por outro lado, os EUA são o maior exportador de GNL do mundo e, portanto, têm muitos outros clientes, especialmente o Reino Unido e a União Europeia.
Setor de máquinas agrícolas e picapes
Além do combustível, a China aplicou uma tarifa de 10% sobre máquinas agrícolas, caminhonetes, e alguns outros carros importados dos EUA, informa a BBC.
Porém, a China não é uma grande importadora de picapes dos EUA e obtém a maioria de seus carros da Europa e do Japão – portanto, uma tarifa de 10% sobre um número já pequeno de importações não afetaria tanto os consumidores, relata a reportagem da BBC.
Nos últimos anos, a China aumentou os investimentos em máquinas agrícolas para avançar na produção e reduzir a dependência de importações, além de fortalecer sua segurança alimentar. Portanto, diz o texto da BBC, a introdução de tarifas sobre máquinas agrícolas pode ser outra medida para tentar impulsionar a indústria nacional.
Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na consultoria Capital Economics, disse que todas as medidas tarifárias foram “bastante modestas, pelo menos em relação às medidas dos EUA”, esclarece o executivo à reportagem da BBC.
Evans-Pritchard sugere que os produtos visados pela China representam cerca de US$ 20 bilhões (£ 16 bilhões) em importações anuais – cerca de 12% do total de importações da China dos EUA. “Isso está muito longe dos mais de US$ 450 bilhões em produtos chineses que estão sendo alvos dos EUA”, afirmou o executivo.
Google investigado
As autoridades chinesas também anunciaram algumas medidas não tarifárias, uma das quais é uma investigação antimonopólio sobre a gigante tecnológica norte-americana Google.
Porém, não está claro o que a investigação envolverá, mas, para contextualizar, os serviços de busca do Google estão bloqueados na China desde 2010, informa a BBC.
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