Um dos julgamentos mais esperados e que marcou o judiciário de Mato Grosso do Sul, chegou ao fim no dia 5 de dezembro de 2024, com a condenação de Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim, ambos acusados pelo assassinato da pequena Sophia Ocampo, de 2 anos e 7 meses. O crime ocorreu no dia 26 de janeiro de 2023, onde na ocasião a menina foi levada já sem vida pela mãe à UPA do Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.
Foram apenas dois dias de julgamentos, mas o suficiente para sentenciar Stephanie, a mãe da criança a 20 anos de prisão por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, contra menor de 14 anos e homicídio doloso por omissão. Já o padrasto da menina, Christian recebeu uma pena de 32 anos por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel, além de estupro de vulnerável.
O caso abalou o município e teve repercussão nacional, onde ganhou destaque nos principais canais de notícias do país.
Diante de um plenário lotado, nos dois dias de julgamento, tanto Stephanie quanto Christian negaram ser os culpados pela morte de Sophia. Ambos estavam presos preventivamente e, agora, seguirão cumprindo as respectivas penas, em regime fechado. Os réus podem recorrer da decisão.
Julgamento
Durante o julgamento, a defesa do casal tentou desmerecer a médica que atestou óbito de Sophia na unidade de saúde.
Em seu depoimento, a profissional enfatizou a todo momento, e em vários deles emocionada, que a criança chegou em rigidez cadavérica e isso praticamente determinou o óbito, mas as defesas, como Alex Viana de Melo, questionaram se ela tinha capacidade para determinar quanto tempo a vítima estava morta.
— A Sophia já estava em óbito, não tinha escuta cardíaca. Nós então despimos a vítima e vimos que ela apresentava hematomas pelo corpo, nesse momento ele não foi tão detalhado, mas avaliamos ali para ver a causa da morte. Ela já estava rígida, ou seja, morta há algumas horas — explicou a médica.
A promotora Lívia, responsável pela acusação, afirmou que Christian Camposano, padrasto da vítima, praticou crimes de abuso sexual e atos libidinosos em Sophia, tanto em momentos recentes quanto em episódios anteriores ao homicídio. A promotora pediu a condenação do réu, enfatizando a gravidade dos atos cometidos.
Entenda o caso
Consta nos autos que Stephanie e Christian moravam em uma casa no bairro Jardim Columbia, com Sophia e sua irmã mais nova, filha em comum do casal, além de um menino mais velho, fruto de um relacionamento anterior de Christian.
Os réus eram agressivos com os menores e abusavam dos meios de correção e disciplina durante a rotina familiar, o que representava risco à vida de Sophia e das demais crianças que viviam sob responsabilidade deles, além de viverem em uma casa com condições insalubres, sem higiene básica.
Segundo foi apurado no curso da investigação, na data dos fatos, Christian agrediu Sophia. A ação do padrasto foi tão violenta que causou uma lesão na coluna cervical e, posteriormente, a morte da menina. Stephanie, por sua vez, omitiu-se diante das condutas do então companheiro.
Após as agressões e mesmo havendo a possibilidade de evitar a morte de Sophia, os réus deixaram de agir imediatamente, privando-a de socorro médico imediato e permitindo que a menor sofresse até seu óbito, já que quando encaminhado a Unidade de Saúde já estava morta há 4 horas.